Em abril fez dois anos que a região da colônia, onde milhares de trabalhadores rurais do município de Codó moram e cultivam a terra num regime de subsistência (roça do toco), está completamente isolada. A ponte sobre o rio codozinho caiu durante a enchente de abril de 2009 e até o presente momento a Prefeitura do Município não teve a competência de construir uma nova ponte.
De acordo com informações do próprio Prefeito Zito Rolim, durante manifestação de trabalhadores realizada no ano passado, a verba já existe e a empresa que fará a ponte foi contratada. Esta informação foi dada antes das eleições para Governador do Estado. Na ocasião a atual governadora e o prefeito chegaram a enviar máquinas para o local da obra. Passada a campanha o projeto caiu no esquecimento e a comunidade continuou isolada. Será que vão esperar 2012 para fazer a obra?
Insatisfeitos a comunidade procurou a Rede de Defesa. A rede de defesa é um movimento social presente em todo o estado do maranhão que tem como objetivo levar cidadania às comunidades através do conhecimento de seus direitos e estimulando-os a se organizarem na defesa destes direitos. O trabalho da Rede é muito complexo, pois vivemos numa sociedade que ainda não aprendeu a se organizar socialmente e a participar das decisões locais. No entanto, depois de várias reuniões que aconteceram nos meses de fevereiro, março e abril com todos os moradores da região da colônia e de assentamentos como Corujão, Boa Esperança, etc. as comunidades decidiram que dia 15 de abril farão uma marcha que vai do rio codozinho (local da ponte) até a prefeitura. O início da marcha está previsto para as 07:30 horas e a audiência com o Prefeito está marcada para as 10:30 horas. O objetivo é definir uma data, improrrogável, para o início da construção. Se o Prefeito não atender os trabalhadores, está definido que grupos de manifestantes se revezarão durante toda à noite na frente da Prefeitura e durante todo o dia 16. Outro item acordado foi que os trabalhadores só conversarão com o prefeito, não aceitam a intermediação de assessores. Isto foi definido porque o prefeito parece que não tem mais o interesse de negociar diretamente com a comunidade, em todos os eventos, especialmente, para cobranças, o Prefeito se faz representar por alguém.
O sentimento que presenciamos durante as reuniões foi de indignação e de esperança. De indignação, pelo abandono sofrido pela atual gestão e pelas gestões anteriores. A região da colônia é a mais abandonada e mais precarizada de todas. De esperança, porque renovamos o desejo de continuar lutando, agora de forma organizada, conhecendo os nossos direitos e os meios para defendê-los.
É consenso entre as lideranças comunitárias que este é, provavelmente, o último movimento pela construção da ponte feito em Codó. Se os trabalhadores não forem atendidos e a ponte não for iniciada no prazo de 30 dias, a próxima marcha será em São Luís para tratar direto com o palácio dos leões.
O movimento de reivindicação tem sua origem nos próprios moradores, que procuraram a Rede de Defesa em razão de sua credibilidade e da sua posição não partidária. A Rede tem evitado apoio de políticos para não descaracterizar o movimento.
A organização aguarda 300 pessoas, número bastante significante para uma sociedade que não tem o hábito de participar. Além da Rede lutar contra o desencanto da população com as promessas não cumpridas pelos gestores e representantes nas câmaras municipais, tem lutado também contra as várias ações de integrantes do governo no intuito de desestimular a participação popular em movimentos desta natureza.
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