terça-feira, 15 de novembro de 2011

COMO ENGANAR O DISTINTO PÚBLICO

Por: José Reinaldo Tavares Data de Publicação: 15 de novembro de 2011 às 08:47
A presidente Dilma fez uma solenidade com vários governadores para dar ciência que esses estados estavam com contas melhores do que no início de 2002 e, portanto, já podiam pleitear novos empréstimos. Foi a segunda reunião com essa finalidade, mas a primeira com outros estados também na mesma situação.
A notícia que chegou ao Maranhão foi diferente daquela publicada em jornais do Sul, que ao noticiar a solenidade, não deram destaque nenhum ao Maranhão, tampouco à governadora Roseana Sarney. Apenas relacionavam o estado como beneficiário de novos empréstimos.
Mas, aqui, a notícia publicada pelo jornal O Estado do Maranhão foi diferente. Dava a entender que a reunião da presidente foi com a governadora do Maranhão apenas, chegando ao ponto da presidente, impressionada pelo brilhante trabalho da governadora, cobri-la de elogios na solenidade. O jornal de Roseana só faltou classificá-la como uma verdadeira expoente do equilíbrio fiscal no país. Um exemplo a ser copiado!
A presidente na verdade falou genericamente para aqueles governadores, pois seus estados atendiam os parâmetros da Lei de Responsabilidade Fiscal no que concerne à capacidade de receber novos empréstimos. Na verdade, os estados devem ter uma relação dívida financeira/receita líquida real bem menor que 2 (dois).
Quando Roseana deixou o governo em abril de 2002, essa relação era escandalosa, bem maior que o permitido e, consequentemente, deixando o estado proibido de conseguir novos empréstimos.
Todo o trabalho foi feito no meu governo, precisamente pelo mais competente técnico em finanças do país, Simão Cirineu, que assumiu a Secretaria de Planejamento do estado nesse período. O resultado de 2006, último ano do meu governo, foi comunicado ao governo do estado em 4 de dezembro de 2007, ao governador Jackson Lago, através do ofício 98 18/2007/COREM/STN e informava que o governo do Maranhão, em 2006, cumprira todas as metas (seis ao todo) e, além disso, na primeira, referente à relação dívidas financeiras/receita líquida real, a meta era alcançar 1,75 e o meu governo foi além, alcançando 1,46, habilitando assim o estado a novos empréstimos desde 2006 (quanto menor a relação, melhor).
O estado estava tão bem no programa de Reestruturação e Ajuste Fiscal, que a segunda meta era conseguir resultado primário superavitário de R$ 411 milhões e conseguimos R$ 581 milhões. A terceira era limitar as despesas de pessoal em 60% da receita corrente líquida e o estado apresentou um resultado de 43,19 por cento. A quarta era alcançar receitas de arrecadação própria no valor de R$ 1.667 milhões e o estado cumpriu as metas ao alcançar R$ 2.024 milhões. A quinta era referente ao contencioso negativo herdado pelo meu governo e, nesse caso, as metas mais uma vez foram cumpridas. Finalmente, a sexta era limitar as despesas com investimento a 8,04% da receita líquida anual, mas a condição financeira do estado era tão boa que conseguimos investir 14,54% em relação a despesa liquida real. E isso foi uma repetição do que aconteceu desde final de 2004.
Jackson Lago continuou nessa mesma linha e assim Roseana pode se apresentar como uma grande administradora, usando o trabalho de outros governadores, sem mencioná-los, como seria de se esperar. Desde que ela assumiu o governo, só realizou mesmo uma grande gastança nas eleições e jogou muito dinheiro pelo ralo, principalmente nas grandes lambanças da área da saúde, que penalizaram a população maranhense com projetos mirabolantes, que acabaram por fechar importantes hospitais dos quais o povo prescinde.
Esse governo é um verdadeiro escândalo, alcançando um recorde extremamente suspeito: mais de R$ 1,2 bilhão de despesas realizadas com dispensa de licitação, todas sem fiscalização e expostas a grandes sobrepreços. Só na saúde, as dispensas chegaram a mais de R$ 800 milhões!
Como as receitas continuam a crescer, graças à competente reestruturação modernizadora empreendida por José Azzolini e sua equipe, e como ela se nega a dar aumentos aos funcionários (como professores e policiais, por exemplo), a relação dívida/receita continua baixa e ela aumenta a sede por empréstimos e a gastança descontrolada. Já é o terceiro empréstimo que ela toma e, como os outros, sem dizer para quê e sem respeitar a Constituição e a Assembleia.
Falei aqui, por várias vezes, que o Maranhão iria regredir rapidamente sob mais um governo de Roseana Sarney. Na infraestrutura é evidente, vejam-se o aeroporto e as estradas. Mais que isso seria pior ainda nos indicadores sociais do estado. E o resultado do IDH expõe a calamidade. Dos nove estados da região Nordeste, apenas dois não tiveram melhora no IDH: Maranhão e Rio Grande do Norte. O Maranhão caiu de 21 para 24, entre todos os estados brasileiros, sendo ultrapassado por Acre e Roraima. Só a oligarquia e seus interesses apartados dos interesses da população podem explicar por que o Maranhão, mesmo com tanto potencial, sob o tacão da oligarquia, anda para trás.
E a governadora acostumada ao ócio, viaja sem dizer para onde e sem se importar com o que acontece aqui. Nem as férias do próximo final do ano parecem tirar Roseana de suas férias quase permanentes...
'Eita', Maranhão.
O ex-governador José Reinaldo Tavares escreve para o Jornal Pequeno às terças-feiras

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Brasil tem 62,9% de cidades com desenvolvimento moderado e alto

Brasil tem 62,9% de cidades com desenvolvimento moderado e altoO Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM), criado pelo Sistema FIRJAN para acompanhar a evolução socioeconômica dos 5.564 municípios brasileiros, revelou nos dados de 2009 que o país tem 62,9% de cidades com desenvolvimento de moderado a alto; que o Centro-Oeste está bem próximo do patamar do Sudeste; e que o Norte e o Nordeste vão demorar, respectivamente, 20 e 10 anos para chegar à condição das regiões mais desenvolvidas. A expectativa é que só em 2037 os municípios do país garantam à população brasileira atendimento básico de saúde, ensino fundamental de qualidade e maior inserção no mercado formal de trabalho.
Com periodicidade anual, recorte municipal e abrangência nacional, o IFDM considera três áreas de desenvolvimento – Emprego & Renda, Educação e Saúde – e utiliza-se de estatísticas oficiais municipalizadas divulgadas pelo Ministérios do Trabalho, Educação e Saúde. Em 2011, os dados oficiais mais recentes disponíveis são de 2009.
O estudo começou em 2008, comparando os anos de 2005 e 2000, e permite determinar com precisão se a melhora ocorrida em determinado município foi decorrente de medidas políticas ou apenas o reflexo da queda de outro município. O índice varia de 0 (mínimo) a 1 (máximo) para classificar o nível de cada localidade. Os critérios de análise estabelecem quatro categorias: baixo (de 0 a 0,4), regular (0,4001 a 0,6), moderado (de 0,6001 a 0,8) e alto (0,8001 a 1) desenvolvimento.
O Centro-Oeste se destacou ao aumentar sua participação entre os municípios com índice de desenvolvimento moderado (entre 0,6 e 0,8) e alto (acima de 0,8): de 50% em 2006 para 83,4% em 2009. A região se aproximou, assim, do Sudeste, que tem 86% de municípios nesse patamar (em 2006, eram 79%). Já o Sul consolidou sua posição privilegiada com 96,2% dos seus municípios com IFDM moderado e alto.
O Nordeste revelou avanços, com aumento do índice de desenvolvimento em 74,8% dos municípios. A região passou de 7,7% de seus municípios na faixa acima de 0,6 pontos para 24,6%. Mas a situação ainda preocupa, já que 382 municípios (21,3%), além de registrar redução de seus indicadores, apresentaram IFDM baixo (menor que 0,4) ou regular (entre 0,4 e 0,6).
O Norte foi o que se desenvolveu em ritmo mais lento, subindo sua participação de 10% para 22,1% de municípios com IFDM moderado e alto. A região apresentou também desempenho regular ou baixo e redução de indicadores em 25,4% dos municípios. Em uma simulação de futuro, o Nordeste alcançaria a condição do Sudeste em 2019 (tendo como referência 2009), caso mantivesse o mesmo ritmo de desenvolvimento dos últimos anos. Enquanto isso, o Norte chegaria ao mesmo patamar em quase duas décadas (2028).
Dos 1.668 municípios do Sudeste, 19% estão no grupo dos 500 maiores IFDMs ao lado de 11,7% dos 1.188 municípios do Sul e 6,5% dos 465 do Centro-Oeste. Sul e Sudeste, que reúnem 51% dos municípios brasileiros, predominam na lista com 91,2% de participação. O estado de São Paulo é o que tem mais representantes no ranking dos 500 melhores (261 municípios), seguido por Rio Grande do Sul (65), Santa Catarina (39), Paraná (35) e Minas Gerais (32).
Apesar de ser a região com o maior número de municípios no país, 1.793, o Nordeste figura com a menor participação entre os 500 maiores IFDMs: 0,6%, atrás da região Norte, que aparece com 0,7% de seus 449 municípios. Apenas 13 municípios das duas regiões mencionadas, incluindo nove capitais, estão presentes na lista dos 500 melhores.
As regiões Norte e Nordeste, onde estão localizados 40% dos municípios brasileiros, surgem de forma maciça no quadro oposto: na lista dos 500 menores índices de desenvolvimento, com 94,4% de participação. A Bahia figura com mais representantes, 160 municípios, seguida por Maranhão (94), Pará (59) e Piauí (42).
A região Norte predominou entre os 500 piores índices com mais de um quarto de seus municípios (26,5%) no grupo. O Nordeste aparece em seguida, com um quinto dos seus municípios (19,7%). Segunda maior região do país em número de municípios, o Sudeste tem 1,1% de participação entre os 500 piores índices, todos de Minas Gerais. O Centro-Oeste aparece com 1,3%, enquanto o Sul tem apenas um município nessa lista.

Mais de 90% dos municípios apresentaram crescimento na década
O estudo apontou um aumento gradual e consistente de municípios brasileiros com IFDM moderado: de 30,1% em 2000 para 58,7% em 2009, apontando uma tendência na redução da desigualdade. Em uma década, mais de 90% dos municípios apresentaram crescimento de seus IFDMs e, no mesmo período, caiu de 18,2% para 0,4% a presença de cidades com índices de baixo desenvolvimento. Ainda assim, 22 municípios (todos do Norte e Nordeste) continuam nessa situação e o retrato do país dividido em dois persiste: de um lado, estão Sudeste, Sul e Centro-Oeste com indicadores superiores; do outro, Norte e Nordeste com pontuações mais baixas.
A distância entre os extremos do ranking merece atenção: a média dos 100 maiores índices (0,8660 pontos) é superior ao dobro da média dos 100 menores (0,4147) IFDMs. Isso significa que caso os municípios com índices mais baixos, como São Félix das Balsas, no Maranhão, último da lista com 0,3413 pontos, continuem crescendo no ritmo observado desde 2005 (ano-base do primeiro IFDM), só atingirão daqui a 26 anos (em 2037) os padrões de alto desenvolvimento, a exemplo de Barueri, em São Paulo, que registrou novamente a nota máxima do IFDM 2009, com 0,9303 pontos.
São Paulo (0,8930), Vitória (0,8838) e Curitiba (0,8731) são as líderes entre as capitais e estão também na lista dos 100 melhores índices, acompanhadas por outras seis: Florianópolis (0,8679), Campo Grande (0,8616), Belo Horizonte (0,8529), Palmas (0,8492), Rio de Janeiro (0,8445) e Goiânia (0,8440). A capital de Tocantins merece destaque especial por ser a primeira cidade da região Norte a chegar ao Top 100 do IFDM.
Apenas 235 dos 5.564 municípios atingiram alto grau de desenvolvimento, acima de 0,8 pontos. No ranking dos estados, apenas três chegaram a esse patamar: São Paulo (0,8796), Paraná (0,8226) e Rio de Janeiro (0,8062). No extremo oposto, Alagoas (0,5933) permaneceu como o estado com o pior índice de desempenho.
A média brasileira do IFDM em 2009 foi de 0,7603, 0,6% menor que a observada em 2008. Os dados retratam o impacto da crise mundial no desenvolvimento dos municípios brasileiros. Apesar disso, 3.841 municípios (69%) apresentaram melhora em seus índices de desenvolvimento, um resultado um pouco melhor do que o observado em 2007, quando 67,3% registraram crescimento.
IFDM Saúde registrou alto grau de desempenho pela primeira vez
O IFDM Emprego & Renda foi a única vertente a registrar retração frente ao ano anterior: de 0,7689 em 2008 para 0,7286 (-5,2%) em 2009, consequência da redução de 30% de empregos com carteira assinada no mesmo período de comparação, a reboque da crise econômica mundial. O único município com nota máxima nessa categoria foi Ipojuca (PE), impulsionado pelas indústrias naval e petroquímica. No extremo oposto, em último lugar, aparece o município de Tarrafas (CE), com 0,0327 pontos, onde a administração pública concentrou 98,6% dos vínculos empregatícios registrados em 2009.
Entre os 500 melhores resultados do IFDM nessa categoria, o estado de São Paulo, em termos absolutos, concentra o maior número de municípios (168), seguido de Minas Gerais (51) e Rio Grande do Sul (48). Em termos relativos, no entanto, considerando o número de cidades de cada estado, o Rio de Janeiro surge como líder com 29 municípios (31,5% de participação) no ranking, reflexo do bom momento econômico que vive o estado já há alguns anos.
No ranking estadual do IFDM Emprego & Renda, São Paulo (0,8688), Rio de Janeiro (0,8541) e Paraná (0,8022) mantiveram-se no topo pelo quarto ano consecutivo, apenas com troca de posição entre o primeiro e o segundo lugar. Destaque para Rondônia (0,6812), que subiu 13 posições no ranking (do 21° em 2008 para 9°).
O índice de desenvolvimento na vertente Educação atingiu 0,7506 pontos, crescimento de 2,6% em comparação a 2008. Pela primeira vez no IFDM foi alcançada a nota máxima na categoria Educação, patamar conquistado por dois municípios de São Paulo: Dolcinópolis e Oscar Bressane. O pior resultado foi registrado no município de Piraí do Norte (BA), com 0,3923 pontos.
São Paulo manteve a supremacia no ranking com 98 municípios entre os cem melhores resultados de Educação e ficou na liderança entre os estados com 0,8909 pontos, seguido de Santa Catarina (0,8216), Distrito Federal (0,8145) e Espírito Santo (0,8076), que conquistaram o status de alto desenvolvimento no IFDM Educação.
Pela primeira vez o IFDM Saúde alcançou classificação de alto desenvolvimento, com crescimento de 0,9% em 2009 e 0,8018 pontos. Todos os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, incluindo Distrito Federal, obtiveram alto grau de desenvolvimento, considerando questões básicas e de competência dos municípios, como quantidade de atendimentos de consultas de pré-natal. O Paraná (0,8898) liderou o ranking dos estados, seguido por São Paulo (0,8789) e Rio Grande do Sul (0,8698).